sexta-feira, 21 de dezembro de 2012



Muito Obrigado!


Acredito que cumpri os 20 anos de mandato com coerência e lisura.
Neste período dediquei minha vida com muito empenho e custos pessoais e políticos. Porém, sempre tive projetos de sociedade pautados por um entendimento e visão histórica.
Mesmo antes de ser vereador enfrentei situações difíceis que me determinaram inclusive perda de empregos (públicos e privados). Como vereador dediquei minha atuação ao combate as posições da Direita Conservadora, e herdeira da Ditadura Militar. Por conta desses embates fui processado criminalmente por duas vezes. Uma delas acusaram-nos de cárcere privado com a ex-deputada Ideli Salvatti e o sindicalista bancário João Batista, quando exigimos o repasse das contribuições sindicais, dos trabalhadores em educação, retidas pelo Governo Kleinubing; em outra oportunidade os vereadores Mauro Passos e Lázaro Bregue Daniel e eu, fomos acusados e processados por comandar uma pichação de tapumes na Praça XV de novembro, pela prefeita Ângela Amim.
Em 2000, fui perseguido pelo então Governador Esperidião Amim que me exonerou (quando eu estava em licença para o exercício de cargo eletivo), Na oportunidade me acusava de ter abandonado o emprego, como ocupante do cargo de professor no Instituto Estadual de Educação. Portanto, as calúnias que me são dirigidas, sistematicamente, são decorrentes da minha forma de agir politicamente e pessoalmente. Todos os atentados a minha honra são revestidos da intenção de me macular. As cartas anônimas também fazem parte deste repertório de covardias e indignidades. É certo que não cessarão.
Não tenho vergonha dos meus atos, posicionamentos políticos e articulações; pois faço tudo com a crença indissociável de um projeto de emancipação social. Reafirmo que faria tudo de novo, porém, com mais radicalidade e desenvoltura.
 Os mandatos foram exercícios de superação e aprendizagem; tomei as lições de grandes pensadores e lideres para alicerçar minha caminhada.  Escutei e li muito Luís Inácio Lula da Silva; medito e me animo com as vidas de Mártin Lutter King e Mandela; a disciplina e capacidade organizativa e o pensamento de Malcon X me fascina. A tenacidade e coragem de Antonieta de Barros e João da cruz e Sousa, dizem que nossas adversidades são minúsculas comparadas às suas vidas, numa época muito mais cruel e de isolamento.
Mas, extraordinariamente, a luta dos Quilombolas de Zumbi, nos tornam vigorosos e quase indestrutíveis. Particularmente, as vidas dos ancestrais, de minha família, fortalecem-me para as lutas de todos os dias.
Minha querida mãe, completou 90 anos no último dia 5 de dezembro. A fibra de dona Wilma, me faz mais resistente a cada dia. É uma trabalhadora, trazida da Serra há 78 anos e, que se organizou, sozinha, com muita coragem e destemor. E isso me influenciou severamente.
Tenho poucos medos, dentre esses o trabalho não me assusta, nem me põe temor. Mesmo tendo perdido um olho, numa batalha campal, por ação de estilhaço de granada, lançada por policial militar, por conta de questões relacionadas aos interesses dos empresários do transporte coletivo; onde lutávamos pela realização de licitação pública para o transporte coletivo.
Nestes anos, não enriqueci; não prevariquei para defender amigos e/ou familiares. Porém, permiti ou viabilizei as melhoras das condições da vida para muitas pessoas: isto justifica a nossa jornada.
É óbvio que acumulei inimigos de várias espécies e interesses distintos. Minha dificuldade em atender interesses privados ou restritos, para facilitar o acúmulo de riquezas para indivíduos é bastante conhecida.
Descobri que é legal e simpático ser bacana. Isto traz valor com muita facilidade. Esse papel é muito comum naqueles que exercitam os mandatos sem referencias históricas, sem preocupações étnicas e/ou de classe, ou seja, para aqueles que não tem compromissos com os processos estratégicos que organizam os avanços civilizações, tendo em conta as suas contradições e embates.
Porém, ser justo é mais complexo, exige ter vontade para desmontar paradigmas; envolve expor-se, envolve ter vontade de agir sob uma lógica que abandone, inclusive, os dogmas e ortodoxia dos conceitos fossilizados, que não conduzem a sociedade para o progresso social e politico. Isto significa romper com o oportunismo da adesão às coisas fácies e palatáveis. Mas para tanto é necessário sonhar e correr riscos, pois minha vida exige justiça. Não falo e não faço coisas para agradar as pessoas, que pensam ser donas de outras pessoas. Ademais, não ter um mandato de vereador, não significa o fim da linha ou da vida.
Ao contrário, no meu caso isto é revigorante, como sempre foi a minha existência. Fui um menino que escutou e aprendeu a sonhar; menino que acreditou nas mensagens positivas que lhes foram apresentadas. Fui um menino que trocou uma bola de futebol pelas letras, lápis, livros e cadernos. Fui um menino que se emocionou com as histórias lidas, contadas nos textos poéticos, científicos e sagrados. Sou esse homem difícil de deter, como foi o meu avô José Veríssimo (tratador de cavalos chúcros) em São Joaquim; minha avó materna dona Emília foi escrava e faleceu com 104 anos, dela aprendi que nenhum membro de sua família seria escravo outra vez; com ou sem abolição; nenhum membro da sua família admitiria a mordaça ou intimidação de qualquer origem (velada ou explicita).
Eu sou essa continuidade, sou esse meio, sou essa projeção junto aos jovens que me acompanham; junto às pessoas que amam e me apoiam. Tudo isso é em campo energético gerador do bem e já aprendemos na ciência, nas religiões que energia não se destrói. Logo o bem que é uma energia positiva, Avassaladora e indestrutível.
Minha vida foi sempre pensada para esse fim, aprendi com meu querido pai seu Aristeu Elpídio de Souza, católico fervoroso, que passou para o outro plano quando eu tinha 15 anos de idade. Meu pai, homem ilustrado, conseguiu uma bolsa de estudos numa das melhores escolas da cidade: a Alferes Tiradentes - cuja a diretora era a justa e querida  professora Olga da Luz. Essa experiência forjou meu caráter e, meu conceito a ideia de justiça e perseverança . Ali aprendi os fundamentos para usufruir da vida com respeito e dignidade.  Por fim, segue os meus agradecimentos mais profundos para todos aqueles (as) que generosamente nos apoiaram, especialmente nos momentos mais difíceis.
Continuaremos nossa jornada de lutas, pois tem sido assim durante toda a minha vida; caminhamos para frente pois ...“o mundo não acaba aqui, o ainda está de pé...” 
Um grande e SAGRADO NATAL a todos e a todas, e que este sentimento se perpetue, nas pessoas, em todos os dias e momentos das nossas vidas.

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