sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

"É importante que se faça escândalo; a escuridão aos poucos vai se tornando luz..."

O comportamento da Liga das Escolas de Samba de Florianópolis, que tem o Sr. Zeca Machado como presidente, pretende promover uma desobediência civil.

Para tanto, pretende descumprir um decreto municipal, que regula, pela primeira vez, o funcionamento do concurso das escolas de samba da capital.

Ao longo dos tempos, a relação do poder público com as escolas de samba sempre sofreu contestação, face à questão do financiamento público, exclusivamente feito pela municipalidade e, nos últimos anos, com a participação do Governo Estadual para as escolas do Grupo Especial.

Além desse investimento, tem a Prefeitura a responsabilidade de manter todas as condições da passarela, construída com recursos públicos. E, todos os anos, investimentos significativos ali são efetuados.

Adende-se a isto, outro financiamento, que se efetiva agora, também pago pela Prefeitura, destinado a viabilizar a comissão julgadora, com seus membros pagos para virem de locais de fora do Estado de Santa Catarina. Tal providência consiste em ajustar passagens, hospedagens, alimentação, translados para todos os jurados. Tudo isto, repito, é bancado pela Prefeitura!

Para espanto da administração pública e de toda sua complexidade legal, que exigiu anos de aperfeiçoamento do estado brasileiro, eis que surge a "TESE" do presidente da liga, Sr. Zeca Machado, que pretende colocar tudo abaixo e desqualificar as funções e responsabilidades do mandatário público, quanto à condução do erário, patrimônio e iniciativas de governo.

Assim sendo, quer ser o dono da festa, quer ser prefeito, quer ser a Câmara Municipal de Florianópolis. Porém, quer ser tudo isso sem estar legalmente constituído, sem estar politicamente e socialmente legitimado.

Longe disso, está ainda fora das tradições e inovações praticadas nos grandes centros, onde o concurso de carnaval com escolas de samba acontece.

Por quê? Porque nestes locais existe, com riscos para todas as escolas. No Rio de janeiro, em São Paulo e em Porto Alegre, existem Grupos de Acesso.

Nestes concursos, todos podem subir ou cair, dependendo das qualidades, competências e habilidades de cada agremiação do samba.

As festas dessas regiões prosperam a cada ano, pois há mobilização e envolvimentos regionais e não este protecionismo provinciano que se quer impor.

Entretanto, as Agremiações de Escolas de Samba também buscam, intensamente, formas outras para o financiamento do desfile.

Há uma relação cooperativa na construção da festa, que vai muito além dessa relação patriarcal de estado, repassando os recursos para as Escolas de Samba.

Observemos a rotina atual, que aqui se estabelece:
a) Início do ano: acontece o carnaval;
b) Pós desfile: entrega dos prêmios (dinheiro da Prefeitura);
c) Mês de junho: solicitações da Liga para dar início aos repasses para as escolas de samba;
d) Por volta do mês de agosto, iniciam-se os repasses, com a assinatura de convênios com cada uma das Escolas de Samba, pois, com a Liga, a Prefeitura não assina convênio;
e) Em fevereiro, começam as providências de recuperação da estrutura da passarela (dinheiro da Prefeitura), assim, como toda a segurança e toda a logística para o dia do desfile do ano;
f) Os ensaios técnicos na passarela e Praça XV recebem a logística, também financiados pela Prefeitura.
É neste cenário, de plena dependência e ausência de autonomia administrativa e financeira, por parte da LIGA, que o Sr. Zeca Machado reivindica o domínio da festa.

A população, distante desta disputa de interesses da Liga, se alegra com a possibilidade de mais um dia de desfile. Setores que se alinham com o turismo da região, igualmente, comemoram esta novidade, que não é tão nova assim, se considerarmos que, há 20 anos, existem nove escolas de samba, sendo que uma era de São José - O Grêmio Recreativo Acadêmicos do Samba Lufa-Lufa.

Portanto, Sr. Zeca Machado, ..."não põe corda no meu bloco, não conduz o carro-chefe, nem dá ordem ao pessoal !"...

Nenhum comentário: