Muito Obrigado!
Acredito que cumpri os 20 anos
de mandato com coerência e lisura.
Neste período dediquei minha
vida com muito empenho e custos pessoais e políticos. Porém, sempre tive
projetos de sociedade pautados por um entendimento e visão histórica.
Mesmo antes de ser vereador
enfrentei situações difíceis que me determinaram inclusive perda de empregos
(públicos e privados). Como vereador dediquei minha atuação ao combate as
posições da Direita Conservadora, e herdeira da Ditadura Militar. Por conta
desses embates fui processado criminalmente por duas vezes. Uma delas
acusaram-nos de cárcere privado com a ex-deputada Ideli Salvatti e o
sindicalista bancário João Batista, quando exigimos o repasse das contribuições
sindicais, dos trabalhadores em educação, retidas pelo Governo Kleinubing; em
outra oportunidade os vereadores Mauro Passos e Lázaro Bregue Daniel e eu,
fomos acusados e processados por comandar uma pichação de tapumes na Praça XV
de novembro, pela prefeita Ângela Amim.
Em 2000, fui perseguido pelo
então Governador Esperidião Amim que me exonerou (quando eu estava em licença
para o exercício de cargo eletivo), Na oportunidade me acusava de ter
abandonado o emprego, como ocupante do cargo de professor no Instituto Estadual
de Educação. Portanto, as calúnias que me são dirigidas, sistematicamente, são
decorrentes da minha forma de agir politicamente e pessoalmente. Todos os
atentados a minha honra são revestidos da intenção de me macular. As cartas
anônimas também fazem parte deste repertório de covardias e indignidades. É
certo que não cessarão.
Não
tenho vergonha dos meus atos, posicionamentos políticos e articulações; pois
faço tudo com a crença indissociável de um projeto de emancipação social.
Reafirmo que faria tudo de novo, porém, com mais radicalidade e desenvoltura.
Os mandatos foram exercícios de superação e
aprendizagem; tomei as lições de grandes pensadores e lideres para alicerçar minha
caminhada. Escutei e li muito Luís
Inácio Lula da Silva; medito e me animo com as vidas de Mártin Lutter King e
Mandela; a disciplina e capacidade organizativa e o pensamento de Malcon X me
fascina. A tenacidade e coragem de Antonieta de Barros e João da cruz e Sousa,
dizem que nossas adversidades são minúsculas comparadas às suas vidas, numa
época muito mais cruel e de isolamento.
Mas,
extraordinariamente, a luta dos Quilombolas de Zumbi, nos tornam vigorosos e
quase indestrutíveis. Particularmente, as vidas dos ancestrais, de minha
família, fortalecem-me para as lutas de todos os dias.
Minha
querida mãe, completou 90 anos no último dia 5 de dezembro. A fibra de dona
Wilma, me faz mais resistente a cada dia. É uma trabalhadora, trazida da Serra
há 78 anos e, que se organizou, sozinha, com muita coragem e destemor. E isso
me influenciou severamente.
Tenho
poucos medos, dentre esses o trabalho não me assusta, nem me põe temor. Mesmo
tendo perdido um olho, numa batalha campal, por ação de estilhaço de granada,
lançada por policial militar, por conta de questões relacionadas aos interesses
dos empresários do transporte coletivo; onde lutávamos pela realização de licitação pública para o
transporte coletivo.
Nestes
anos, não enriqueci; não prevariquei para defender amigos e/ou familiares.
Porém, permiti ou viabilizei as melhoras das condições da vida para muitas
pessoas: isto justifica a nossa jornada.
É
óbvio que acumulei inimigos de várias espécies e interesses distintos. Minha
dificuldade em atender interesses privados ou restritos, para facilitar o
acúmulo de riquezas para indivíduos é bastante conhecida.
Descobri
que é legal e simpático ser bacana. Isto traz valor com muita facilidade. Esse
papel é muito comum naqueles que exercitam os mandatos sem referencias
históricas, sem preocupações étnicas e/ou de classe, ou seja, para aqueles que
não tem compromissos com os processos estratégicos que organizam os avanços civilizações,
tendo em conta as suas contradições e embates.
Porém,
ser justo é mais complexo, exige ter vontade para desmontar paradigmas; envolve
expor-se, envolve ter vontade de agir sob uma lógica que abandone, inclusive,
os dogmas e ortodoxia dos conceitos fossilizados, que não conduzem a sociedade
para o progresso social e politico. Isto significa romper com o oportunismo da
adesão às coisas fácies e palatáveis. Mas para tanto é necessário sonhar e
correr riscos, pois minha vida exige justiça. Não falo e não faço coisas para
agradar as pessoas, que pensam ser donas de outras pessoas. Ademais, não ter um
mandato de vereador, não significa o fim da linha ou da vida.
Ao
contrário, no meu caso isto é revigorante, como sempre foi a minha existência.
Fui um menino que escutou e aprendeu a sonhar; menino que acreditou nas
mensagens positivas que lhes foram apresentadas. Fui um menino que trocou uma
bola de futebol pelas letras, lápis, livros e cadernos. Fui um menino que se
emocionou com as histórias lidas, contadas nos textos poéticos, científicos e
sagrados. Sou esse homem difícil de deter, como foi o meu avô José Veríssimo
(tratador de cavalos chúcros) em São Joaquim; minha avó materna dona Emília foi
escrava e faleceu com 104 anos, dela aprendi que nenhum membro de sua família
seria escravo outra vez; com ou sem abolição; nenhum membro da sua família admitiria
a mordaça ou intimidação de qualquer origem (velada ou explicita).
Eu
sou essa continuidade, sou esse meio, sou essa projeção junto aos jovens que me
acompanham; junto às pessoas que amam e me apoiam. Tudo isso é em campo
energético gerador do bem e já
aprendemos na ciência, nas religiões que energia não se destrói. Logo o bem que
é uma energia positiva, Avassaladora e indestrutível.
Minha
vida foi sempre pensada para esse fim, aprendi com meu querido pai seu Aristeu
Elpídio de Souza, católico fervoroso, que passou para o outro plano quando eu
tinha 15 anos de idade. Meu pai, homem ilustrado, conseguiu uma bolsa de
estudos numa das melhores escolas da cidade: a Alferes Tiradentes - cuja a
diretora era a justa e querida
professora Olga da Luz. Essa experiência forjou meu caráter e, meu conceito
a ideia de justiça e perseverança . Ali aprendi os fundamentos para usufruir da
vida com respeito e dignidade. Por fim,
segue os meus agradecimentos mais profundos para todos aqueles (as) que
generosamente nos apoiaram, especialmente nos momentos mais difíceis.
Continuaremos
nossa jornada de lutas, pois tem sido assim durante toda a minha vida;
caminhamos para frente pois ...“o mundo não acaba aqui, o ainda está de
pé...”
Um
grande e SAGRADO NATAL a todos e a todas, e que este sentimento se perpetue,
nas pessoas, em todos os dias e momentos das nossas vidas.